30 de maio de 2013

Tentar prever o imprevisível por defeito. Doce amargo reservado aos mártires da alma, apenas pelas suas próprias mãos. Não há pior loucura do que pensar que tudo poderia ter sido diferente do que alguma vez foi, apenas porque se falhou na previsão. Já aqui o disse, se o passado não nos pertence, o futuro tão pouco mora no regaço do nosso controlo desenfreado. Tentar saber a ordem das coisas, quando as coisas não têm lugar definido ou sentido atribuído, antever saber sem fazer ideia do que se está a adivinhar é passatempo ou dos muito leves, ou muito pesados de alma. Saiu gorado. Sairá sempre enquanto se viver sob a ilusão de que tudo é passível de ser manipulado, que o mundo se rege pelas mesmas regras contraditórias que impomos a nós próprios. Ó (des)razão retorcida, que sempre pelas mesmas torrentes de pensamento me afogas. Não se respira com este peso nos pulmões, inundados de fachada. Afinal, vivemos duas vidas: aquela que tem um guião escrito pela nossa própria utopia e aquela que o mundo nos impõe pela força.

6 comentários:

Leitor disse...

Excelente devaneio, concordo...e vou reler porque gostei mesmo.

Jedi Master Atomic disse...

hã? :P

Turtle disse...

Leitor, assim uma pessoa fica sem jeito, obrigada!

Jedi, fazes assim, enrolas o cérebro para a direita, 7 voltas e maia precisamente, depois viras aí uns 76º para a esquerda e já vai ficar tudo muito mais claro, garanto-te! ahaha

ernesto disse...

No geral é um belo post apesar do tema já ser clássico. No entanto permita-me um comentário quanto à última frase: acho que o recurso estilístico "vivemos duas vidas" é demasiado impreciso. Seria preciso se oscilasse-mos entre duas linhas temporais, ou então se se tivesse a referir ao ainda mais clássico tema vida "real" / sonhos ou então mundo das mentiras. Como assim não é, tentarei reconstruir a sua frase, numa tentativa de me aproximar da significação que lhe queria atribuir:

Afinal, a vida que vivemos é uma combinação do guião escrito pela nossa própria utopia e o que o mundo nos impõe pela força.

Onde, o que o mundo nos impõe pela força = guião escrito pela utopia de todas as almas do mundo ( almas no sentido mais lato possível) - guião escrito pela nossa própria utopia .

E é isto. Sinta-se a vontade para me corrigir.

ernesto disse...

Peço desculpa pelo erro que cometi. A frase enquadra-se no tema vida "real"/ sonho. Como escreveu o leitor, há que voltar a ler.

Turtle disse...

Ernesto, sinta-se à vontade para corrigir o que achar necessário. No fundo não é exactamente de um sonho que falo, mas de uma vida imaginária que se constrói na nossa mente, uma idealização da realidade que ainda não aconteceu. Vivemos a nossa idealização e depois a realidade. Não sei se me fiz entender ;) mas gostei que tivesse pensado no assunto!